A crise no Valencia se escancara, com a organização de um protesto massivo para exigir a saída de Peter Lim

Resumo
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A torcida do Valencia tem se manifestado repetidamente contra o proprietário do clube, Peter Lim, enquanto o time se vê à beira da zona de rebaixamento em La Liga

Valência vive uma das maiores crises de sua história. O risco esportivo é claro, basta olhar para a tabela da La Liga. Os Ches não vencem uma competição desde novembro e estão em 17º lugar, apenas um ponto acima da zona de rebaixamento. O medo do rebaixamento é palpável em uma edição equilibrada do campeonato e levaria o Valencia à segunda divisão após 45 anos. O gramado, porém, é a menor das preocupações dos torcedores. A gestão caótica do presidente Peter Lim se agrava com o abandono da instituição. Nas últimas semanas, os protestos de torcedores se intensificaram, exigindo uma mudança radical na gestão. Uma nova manifestação foi convocada em Mestalla neste fim de semana.

Peter Lim é o treinador do Valência desde 2014. A recepção do empresário cingapuriano na época foi até positiva diante das perspectivas de investimentos. O Ches viveu uma crise financeira anterior, que levou à venda sucessiva dos seus talentos, bem como ao abandono da construção de um novo estádio. No entanto, rapidamente ficou claro que o novo dono não estava tão interessado em fortalecer os valencianos. O clube virou mesa de operações e até deixou de frequentar a primeira metade da tabela da La Liga, com as piores colocações do time no campeonato em duas décadas. Mesmo com o aumento dos gastos com alimentação, o elenco virou uma vitrine para Jorge Mendes, que era próximo de Lim.

Um vislumbre de esperança para o Valencia surgiu quando Marcelino García Toral assumiu o comando técnico. Com o apoio do diretor Mateu Alemany, o treinador conseguiu dar a volta por cima e os Ches voltaram à Liga dos Campeões por duas temporadas. No entanto, a renúncia de ambos foi o maior símbolo da usurpação a que os valentianos foram submetidos. Marcelino perdeu o emprego porque a administração o obrigou a priorizar o G-4 da La Liga e pediu que ele ignorasse sua chance de vencer a Copa del Rey. Marcelino marcou os dois gols e ainda levou o troféu para a rua. “Purity” promovido por Peter Lim também resultou na saída do elenco de símbolos por quantias ridículas de dinheiro, como Dani Parejo.

Desde então, o Valência já não sabe o que é jogar em copas europeias. Trocou várias vezes de treinador, não reforçou devidamente o plantel e deu um suspiro de alívio ao terminar a época no meio da tabela, sem correr o risco de despromoção. Os conflitos internos tornaram-se cada vez mais evidentes com a renúncia do odiado presidente Anil Murthy, que tantas vezes desprezava os torcedores. Mas não uma mudança radical. Peter Lim colocou pessoas de confiança em cargos de gestão – incluindo membros de sua família. Entretanto, aproximou-se de Jorge Mendes ao escolher Gennaro Gattuso como treinador esta temporada.

O elenco do Valencia não é ruim, mas desequilibrado. Edinson Cavani e José Gayà são as estrelas do grupo, e não faltam nomes promissores na conta, nomeadamente Giorgi Mamardashvili, Yunus Musah, Samuel Lino e Hugo Guillamón. Mas é difícil ter alguma esperança quando os problemas são estruturais. E o descaso que vem da direção afeta diretamente o que se percebe em campo. Os Ches venceram apenas uma partida da La Liga nas últimas 12 partidas. Desde que voltou do Mundial, além da classificação para a Copa do Rei, soma cinco derrotas e um empate. E não é que a tabela seja difícil, com tantos candidatos na metade inferior da tabela – Cádiz, Almería, Valladolid e Girona na última série.

Peter Lim desistiu de investir em Valência. O clube não buscou reforços nem no mercado de janeiro, o que também influenciou na demissão do insatisfeito Gattuso. Eles gastaram apenas € 12,5 milhões no início da temporada, sendo a maioria das transferências por empréstimo ou de graça. E a crise econômica ainda dificulta a situação financeira dos atletas. Em janeiro do ano passado, sem dinheiro para os salários, os valencianos ofereceram notas promissórias a partes do armazém – o que já aconteceu no passado. O reflexo em campo não surpreende.

Já nas arquibancadas, o movimento contra Peter Lim ganha força. Os protestos são constantes durante os jogos do Valência. Já no dia do fecho da janela de transferências, cerca de 200 pessoas juntaram-se à porta do clube, exigindo que Lim “voltasse a casa” – algo apenas figurativamente, até porque não aparecia nas bancadas do Mestalla desde dezembro de 2018. A imprensa tem sido outro elemento do atrito, com coletivas de imprensa muito contundentes questionando os diretores sobre a continuidade do proprietário e questões em aberto.

A partida deste fim de semana contra o Athletic Bilbao no Mestalla promete ser uma derrota para Peter Lim. Grandes grupos de torcedores organizam o protesto há dias, e a diretoria até contra-ofensiva distribuindo ingressos para escolas na tentativa de limitar o esvaziamento das arquibancadas e a influência dos que exigem mudanças. No entanto, o movimento de oposição tem sua força e até lançou um vídeo muito bem feito chamando mais pessoas para as manifestações com apelo sentimental. Eles esperam que a pressão acelere o processo de vendas de Lim, a única opção disponível no momento. No entanto, quando o proprietário rejeita a multidão por um tempo, o horizonte permanece bastante nebuloso.

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