Qual foi a maior atuação de um goleiro?

Rogério Ceni
Resumo
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A noite lendária de Rogério Ceni contra a Universidad Católica foi considerada até hoje uma das melhores atuações de todos os tempos de um goleiro.

Contexto da partida

Era uma noite de outubro em Santiago, Chile. O São Paulo entrava em campo contra a Universidad Católica em um duelo decisivo de mata-mata continental. Após um empate por 1 a 1 no Morumbi no jogo de ida, o Tricolor precisava vencer fora de casa para avançar às quartas de final da Copa Sul-Americana de 2013. O ambiente era hostil: estádio San Carlos de Apoquindo lotado, torcida adversária empurrando a Católica desde o primeiro minuto. Rogério Ceni, então com 40 anos, era o capitão e referência de um São Paulo que defendia o título da Sul-Americana conquistado no ano anterior. Muito estava em jogo – a continuidade na competição e a honra de um gigante continental –, e Ceni sabia que seria exigido ao máximo. Mal sabia a torcida chilena que aquela se tornaria uma das noites mais mágicas já protagonizadas por um goleiro na história do futebol.

Rogério Ceni

O jogo e os “milagres” de Ceni

A partida foi um roteiro dramático digno de cinema. Logo aos 16 minutos, a Universidad Católica abriu o placar, aproveitando falhas da defesa são-paulina. A resposta do São Paulo veio rápida: dois minutos depois, Aloísio marcou o gol de empate, 1×1, mantendo o Tricolor vivo no confronto. Mas o time chileno não se intimidou e seguiu pressionando com intensidade. Com a defesa desajustada e dando espaços, Rogério Ceni começou a brilhar. Foram defesas em série que desafiaram a lógica. Ainda no primeiro tempo, Ceni realizou pelo menos duas defesas difíceis para evitar nova vantagem chilena, além de contar com uma bola no travessão e até um de seus companheiros, Maicon, salvando um gol em cima da linha. A cada investida da Católica, lá estava o goleiro são-paulino para operar um milagre – e muitos outros viriam.

No segundo tempo, o bombardeio continuou e Ceni elevou seu jogo a um patamar sobrenatural. Logo aos 5 minutos, ele salvou à queima-roupa um chute de Sosa, arrancando aplausos até dos adversários e dando novo ânimo ao São Paulo. O Tricolor virou o placar para 2×1 com Ademílson, mas o duelo virou um lá-e-cá emocionante, com alternâncias no marcador. Aloísio, em noite inspirada, marcou novamente e a partida chegou a estar 3×2 para o São Paulo, mas um pênalti convertido por Mirosevic deixou tudo igual em 3×3. Nesse momento, apesar dos três gols sofridos, Ceni já tinha feito sete defesas dificílimas para manter o São Paulo no jogo. Ele parecia onipresente: quando a bola não batia na trave, era desviada por suas luvas. Em um lance incrível, viu a bola encobrí-lo e, num reflexo felino, conseguiu dar um tapa para trás, puxando a bola como um gancho sobre a linha do gol, impedindo o que seria um gol certo. Em outra jogada, voou no canto para espalmar uma pancada da entrada da área, e repetiu a dose em um novo chute forte poucos minutos depois. A torcida chilena mal podia acreditar: a cada intervenção de Ceni, a expressão era de puro espanto – era como se um paredão surgisse a cada finalização da Católica.

Nos minutos finais, quando o empate ainda classificaria os chilenos, o São Paulo foi em busca da vitória que Ceni fazia por merecer. Aos 40 minutos do segundo tempo, o esforço foi recompensado: em um contra-ataque, Ganso deixou Welliton na cara do gol para marcar o 4º gol tricolor. São Paulo 4, Universidad Católica 3. O apito final confirmou a classificação heroica são-paulina às quartas de final. Rogério Ceni caiu de joelhos, ergueu os punhos cerrados e comemorou como se fosse um título – não era para menos. Ele havia garantido a vaga praticamente sozinho, em uma atuação tão deslumbrante que até os torcedores adversários reconheceram a grandeza do momento. Aquela vitória suada no Chile imediatamente entrou para a história. “O nome da vitória por 4 a 3… foi Rogério Ceni. O goleiro, de 40 anos, fez pelo menos cinco defesas impressionantes, calando o lotado estádio… e garantindo a classificação tricolor” descreveu a crônica do Globo Esporte na ocasiãogloboesporte.globo.com.

Reações de adversários, imprensa e bastidores

A repercussão daquele jogo foi instantânea e unânime: ninguém conseguia acreditar no que tinha presenciado. Os jogadores da Universidad Católica saíram de campo atônitos. O meia chileno Milovan Mirosevic, capitão do time adversário, resumiu em uma frase a exibição de Ceni: “Hoje, Rogério Ceni foi de outro planeta”, publicou em seu Twitter após a partida. A torcida local, mesmo decepcionada com a eliminação, reconheceu a exibição extraordinária – muitos dos 13 mil presentes aplaudiram Ceni de pé ao término do jogo, gesto raríssimo em se tratando de um goleiro adversário. Na imprensa chilena, os elogios foram superlativos. O portal Emol destacou “oito intervenções soberbas, dignas de um goleiro líder de sua equipe”, acrescentando que o público chileno soube reconhecer a performance ao aplaudir o brasileiro. O tradicional jornal El Mercurio classificou a atuação como “descomunal”. A publicação revelou uma cena de bastidor emblemática: assim que o jogo acabou, o goleiro reserva da Católica, Franco Costanzo, fez questão de procurar Ceni para cumprimentá-lo. Com admiração, ele disse: “Tenho 33 anos e o que você fez esta noite me inspirou”. Em seguida, o próprio goleiro titular chileno, Cristopher Toselli, juntou-se aos elogios: “Ceni foi incrível”. Até veículos internacionais repercutiram os feitos do camisa 01 tricolor, enaltecendo os “milagres de Ceni” e colocando sua exibição entre as maiores já vistas de um arqueiro.

Do lado são-paulino, a sensação era de êxtase e gratidão. No vestiário, os companheiros cercaram Rogério Ceni em abraços. “Todo mundo no vestiário falou ‘muito obrigado’, principalmente a gente da defesa, porque entrar num caldeirão daqueles não é fácil. O Rogério fez uma bela atuação e foi uma noite incrível para nós”, relembrou o zagueiro Edson Silva, titular naquela partida. Ceni, humilde, respondeu aos colegas que “jamais tem que me agradecer, cada um fez sua parte”, dando crédito a todo o time pelo resultado histórico.. Dias depois, com a cabeça mais fria, Edson Silva não economizou elogios ao ídolo: “Foi a melhor atuação de um goleiro que eu vi participando do jogo. Ficou para a história… Creio que foi a maior atuação, se tratando de um dos maiores goleiros do futebol mundial”. Outro ex-companheiro de Seleção Brasileira, o goleiro Júlio César, declarou estar maravilhado: “Nunca vi um goleiro agarrar tanto numa partida de futebol… Não é a quantidade de defesas, mas a dificuldade e a idade que ele estava. (…) Nunca vi um goleiro agarrar tanto como ele agarrou naquele dia”. O técnico Muricy Ramalho, visivelmente emocionado na entrevista pós-jogo, desabafou que Ceni merecia mais reconhecimento: para ele, muitos só lembravam de um pênalti perdido por Rogério semanas antes, mas aquela noite vinha para lembrar a todos “o que esse cara está agarrando… ele é goleiro!”. De fato, Ceni havia fechado o gol de todas as maneiras possíveis e salvo o São Paulo em inúmeras ocasiões durante os 90 minutos. A comoção foi tamanha que, nos dias seguintes, torcedores e comentaristas repetiam a pergunta: estaríamos diante da maior atuação de um goleiro na história? A dúvida era sincera, pois poucos lembravam de outra exibição tão completa e decisiva de alguém debaixo das traves.

Impacto histórico e legado na carreira de Ceni

Aquela partida em Santiago imediatamente se tornou lenda. Anos depois, em 2022, quando o destino voltou a cruzar São Paulo e Universidad Católica em um torneio continental, torcedores chilenos ainda brincavam traumatizados nas redes sociais: “Só espero que não chamem o Ceni para jogar dessa vez… Esse cara com 70 anos pega mais que todos os goleiros chilenos”, escreveu um fã da Católica no Twitter. O fato é que Rogério Ceni marcou a alma do adversário naquela noite, que até hoje assombra e ao mesmo tempo desperta admiração. Para o próprio Ceni, em termos de importância, aquela atuação só perde para a final do Mundial de Clubes de 2005 – ele afirmou que nada supera a honra de ganhar um título mundial pelo clubegloboesporte.globo.com. Mas em termos de desempenho individual, muitos consideram que o que Ceni fez contra a Católica foi o auge técnico de sua carreira. O jornalista Murilo Borges classificou o feito como “jogo milagroso de Ceni”, enquanto outros simplesmente o chamam de “a Noite dos Milagres“.

Vale lembrar que Rogério Ceni já era um ídolo consagradíssimo. Em 2005, ele havia liderado o São Paulo ao tricampeonato da Copa Libertadores da América, sendo eleito o melhor goleiro e também o melhor jogador daquela Libertadores. Naquele mesmo ano, foi herói do título mundial sobre o Liverpool, recebendo a Bola de Ouro de melhor jogador do Mundial. Ou seja, Ceni conhecia como poucos os grandes palcos e decisões – seu nome já estava gravado na história tricolor. Porém, aquela noite contra a Universidad Católica adicionou um capítulo especial à sua lenda. Afinal, não se trata de um título ou de um gol marcado (outro aspecto notável de sua carreira de goleiro-artilheiro), mas sim de uma demonstração pura de habilidade e resistência. Aos 40 anos de idade, Rogério alcançou um nível de performance que desafia o tempo e os limites da posição de goleiro. “Ele se desdobrou e praticou defesas incríveis”, descreve a ESPN sobre os milagres que garantiram a vaga são-paulina no Chile. A campanha do São Paulo naquela Copa Sul-Americana de 2013 acabaria nas semifinais, mas a atuação de Ceni nas oitavas de final ficou como o grande marco daquela edição. É justo dizer que essa exibição reforçou ainda mais o mito de Rogério Ceni – o M1to, como a torcida o apelidou – comprovando que, mesmo após as glórias de 2005, ele ainda tinha truques de super-herói na manga.

Em termos de legado, a noite de 23 de outubro de 2013 virou referência obrigatória. Jornalistas e fãs ao relembrar grandes atuações individuais sempre citam Rogério Ceni contra a Católica, lado a lado com defesas históricas de goleiros lendários. A frase “pegou até pensamento” nunca foi tão adequada: Ceni parecia onipotente naquele jogo, frustrando o adversário a cada ataque. “Foi uma atuação para a história”, resumiriam muitos depois. E é exatamente assim que ela é vista hoje: uma das maiores atuações já registradas de um goleiro, talvez a maior de todas, eternizada na memória do futebol. O torcedor são-paulino ganhou mais uma história épica para contar aos descendentes, e os amantes do esporte em geral puderam testemunhar o porquê Rogério Ceni é considerado um dos gigantes do jogo. Naquela noite lendária no Chile – independentemente de ano ou competição – Ceni lembrou a todos que heróis existem, vestem luvas, e às vezes usam a número 01 às costas.

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