Final da Champions League em Paris teve confusão, violência e má gestão da Uefa, segundo relatório independente divulgado no último domingo
Um relatório independente sobre as confusões na final da Champions League da temporada 2021/22, realizada no Stade de France, em Paris, responsabiliza a Uefa por “falhas flagrantes em todos os aspectos” na gestão da segurança do estádio e do evento. O documento tem 160 páginas e leva em consideração 485 relatos de testemunhas.
É importante lembrar que a Uefa inicialmente culpou os torcedores do Liverpool por chegarem em cima da hora. Depois, acusou os torcedores do Liverpool de comprarem ingressos falsos, em um esquema gigantesco. Nada disso foi comprovado. Ao contrário, o que se mostrou é que houve falhas de segurança, de gestão e de atuação tanto do governo francês quanto da própria Uefa.
Entre as conclusões do documento, que é um relatório independente e separado daquele que está sendo produzido pela Uefa e será divulgado em novembro, relata uma preparação inadequada antes do jogo pela Uefa e as agências em Paris, junto com erros no provisionamento de multidões feito no local. Combinado com um tratamento agressivo da polícia, os torcedores foram deixados traumatizados por agressões não provocadas da polícia e de gangues locais.
O relatório tem o título de “Treated with Contempt: An Independent Panel Report into Fans’ Experiences Before, During and After the 2022 Champions League Final in Paris” (“’Tratado com desprezo’: um relatório de painel independente sobre as experiências dos fãs antes, durante e depois da final da Liga dos Campeões de 2022 em Paris”, em tradução livre”) e pediu que os relatórios da polícia e do governo franceses sejam tornados públicos. Concluiu ainda que a Uefa teve um “fracasso abjeto” em tentar cumprir suas responsabilidades.
Entre as conclusões do relatório está a recomendação que a Uefa realize uma revisão do seu gerenciamento de emergência. “É difícil compreender a sequência de eventos que constituiu a sequência de eventos do fiasco em paris, deixando tantas pessoas fisicamente machucadas, psicologicamente afetadas e financeiramente comprometidas”, afirmou o Professor Phil Scraton, um dos líderes do painel que conduziu o relatório.
“Tendo pago preços inflacionados para viajar, se acomodar e ir ao estádio, homens, mulheres e crianças foram sujeitos a violência policial não provocada e indiscriminada com gás lacrimogênio e cassetetes, além de roubos a faca por gangues locais”, continua Scraton. “Muitos saíram antes da partida, aqueles que permaneceram foram submetidos a mais ataques pela polícia de choque e gangues ao saírem do estádio e nas chegadas às estações locais”.
“A responsabilidade pelo colapso da autoridade, gestão e segurança recai sobre aqueles que organizam e administram o evento.” Outro palestrante, o jornalista e radialista Peter Marshall, acredita que “somente a paciência dos fãs evitou uma catástrofe”.
“É realmente um milagre ninguém ter morrido”, disse Marshall. “A Uefa, que organiza esses eventos e supostamente veta a segurança do estádio, deve explicar como permitiu que isso acontecesse – e por que, diante das evidências, insistiu em culpar torcedores inocentes. Os dirigentes da Uefa devem assumir a sua responsabilidade individual e coletiva”.
A Uefa anunciou ainda em maio uma comissão independente que faria uma revisão ampla que examinaria a tomada de decisão, responsabilidade e comportamentos de todos os envolvidos na final.
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